terça-feira, 16 de outubro de 2007

A Morte Devagar

"Morre lentamente quem não troca de idéias, não troca de
discurso, evita as próprias contradições.

Morre lentamente quem vira escravo do hábito, repetindo
todos os dias o mesmo trajeto e as mesmas compras no
supermercado. Quem não troca de marca, não arrisca
vestir uma cor nova, não dá papo para quem não conhece.

Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru e seu
parceiro diário. Muitos não podem comprar um livro ou
uma entrada de cinema, mas muitos podem, e ainda assim
alienam-se diante de um tubo de imagens que traz
informação e entretenimento, mas que não deveria, mesmo
com apenas 14 polegadas, ocupar tanto espaço em uma
vida.

Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o
preto no branco e os pingos nos is a um turbilhão de
emoções indomáveis, justamente as que resgatam brilho
nos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços,
sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está
infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo
incerto atrás de um sonho, quem não se permite, uma vez
na vida, fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não
ouve música, quem não acha graça de si mesmo.

Morre lentamente quem destrói seu amor-próprio. Pode ser
depressão, que é doença séria e requer ajuda
profissional. Então fenece a cada dia quem não se deixa
ajudar.

Morre lentamente quem não trabalha e quem não estuda, e
na maioria das vezes isso não é opção e, sim, destino:
então um governo omisso pode matar lentamente uma boa
parcela da população.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má
sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projeto
antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que
desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que
sabe. Morre muita gente lentamente, e esta é a morte
mais ingrata e traiçoeira, pois quando ela se aproxima
de verdade, aí já estamos muito destreinados para
percorrer o pouco tempo restante. Que amanhã, portanto,
demore muito para ser o nosso dia. Já que não podemos
evitar um final repentino, que ao menos evitemos a morte
em suaves prestações, lembrando sempre que estar vivo
exige um esforço bem maior do que simplesmente respirar."

Martha Medeiros

Sobre a autora:

Martha Medeiros nasceu em Porto Alegre em 1961. Formada em Publicidade. Escreveu livros de poesias e de crônicas, seu mais recente lançamento é o livro de ficção: Divã. Martha é cronista do jornal Zero Hora.

retirei este texto deste site http://www.tvcultura.com.br/provocacoes/poesia.asp?poesiaid=263

E ainda fui a outro para confirmar, ou não, o boato de este texto ser de Pablo Neruda. Parece-me que não é.
http://www.consciencia.net/2003/variedades/boatos.html

É muito importante verificar as fontes.
Por estas e por outras, prefiro os livros. São mais fidedignos.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Poema 5


Quase

Um pouco mais de sol - eu era brasa.
Um pouco mais de azul - eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...

Assombro ou paz? Em vão tudo esvaído
Num baixo mar enganador de espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho - ó dor! - quase vivido...

Quase o amor, quase o triunfo e a chama,
Quase o princípio e o fim - quase a expansão...
Mas na minh'alma tudo se derrama...
Entanto nada foi só ilusão!

De tudo houve um começo... e tudo errou...
- Ai a dor de ser-quase, dor sem fim...
-Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se elançou mas não voou...

Momentos de alma que desbaratei...
Templos aonde nunca pus um altar...
Rios que perdi sem os levar ao mar...
Ânsias que foram mas que não fixei...

Se me vagueio, encontro só indícios...
Ogivas para o sol - vejo-as cerradas;
E mãos de herói, sem fé, acobardadas,
Puseram grades sobre os precipícios...

Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi...

................................................
................................................

Um pouco mais de sol - eu era brasa.
Um pouco mais de azul - eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...

Mário de Sá Carneiro

Poema 4

Um Livro

Apenas uma coisa entre outras coisas
Mas também uma arma. Foi forjada
Na Inglaterra, em 1604,
E carregada com um sonho. Encerra
O som, a fúria, a noite e o escarlate.
A minha mão sopesa-a. Quem diria
Que contém o inferno: essas barbudas
Bruxas que são as parcas, os punhais
Que executam as duras leis da sombra,
O delicado ar desse castelo
Que te verá morrer, a delicada
Mão que é capaz de ensanguentar os mares,
O clamor e a espada da batalha.

Esse tumulto silencioso dorme
No espaço de um só livro, na tranquila
Prateleira da estante. Dorme e espera.

J.L.Borges

Poema 3


Los Enigmas

Yo que soy el que ahora está cantando.
Seré mañana el misterioso, el muerto,
el morador de un mágico y desierto
orbe sin antes ni después ni cuándo.

Así afirma la mística. Me creo
indigno del Infierno o de la Gloria,
pero nada predigo. Nuestra historia
cambia como las formas de Proteo.

¿Qué errante laberinto, qué blancura
ciega de resplandor será mi suerte,
cuando me entregue el fin de esta aventura

la curiosa experiencia de la muerte?
Quiero beber su cristalino olvido,
ser para siempre; pero no haber sido.

J.L.Borges

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Momento Filosófico

"Os limites da minha linguagem significam os limites do meu mundo." ou "Os limites da minha linguagem são os limites da minha mente. Tudo o que sei é aquilo para que tenho palavra.".
Ludwig Wittgenstein

Apesar de me ocorrer semelhante pensamento "A pequenez do meu mundo reside nas palavras por descobrir" depois de ouvir alguém dizer a frase de Wittgenstein, percebi que o pensamento é mais abrangente que a própria linguagem. Porquanto que a linguagem limita o próprio pensamento ou acto de pensar. Quando estou a viajar na minha mente não o faço exclusivamente por palavras mas também por imagens e sensações, muitas das quais não há palavras que as descrevam. Quando tento exteriorizar pensamentos ou sensações apercebo-me dos limites da nossa linguagem. Portanto eu diria que o meu mundo pode ser limitado pela linguagem.


"O pensamento de Wittgenstein evoluiu entre o Tractatus e a obra póstuma Investigações Filosóficas (1953), que recolhe as conferências dadas por ele em Cambridge. De fato, ele quase abandonou muitos de seus pontos de vista anteriores, tais como quando ele afirma que "os limites da minha linguagem são os limites do meu mundo". Como muitos filósofos da linguagem, Wittgenstein, quando jovem, tratou as palavras como indicadores ou símbolos das coisas no mundo. Mas, na maturidade Wittgenstein considerou que toda essa ênfase na referência era simplista demais.
Em Investigações Filosóficas (1953) Wittgenstein oferece um novo ponto de vista: o significado das palavras não depende daquilo a que elas se referem, mas de como elas são usadas. A linguagem, dizia ele, é um tipo de jogo, um conjunto de peças" ou "equipamentos" (palavras) que são usadas de acordo com um conjunto de regras (convenções linguísticas). Como no Tractatus, o mundo é construído a partir de proposições, ou proposições potenciais, mas agora a ênfase recai menos no que as afirmações "significam" (denotam) do que em como elas se desenvolvem dentro de um contexto e um conjunto de regras.
Segue-se disso que o conhecimento não consiste em descobrir (ou inventar) alguma "realidade" que corresponda ao que falamos, mas sim em estudar o modo como a fala funciona. Assim sendo, a linguagem comum é o sujeito apropriado da filosofia. Problemas filosóficos tradicionais, relativos a conceitos tais corno "ser" e "verdade", são meramente confusões que surgem a partir do jargão filosófico e a tentativa equivocada de descobrir a "realidade" que ele supostamente "representa"."
Retirei este texto do site seguinte:

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Poema 2


A Concha

A minha casa é concha. Como os bichos
Segreguei-a de mim com paciência:
Fechada de marés, a sonhos e a lixos,
O horto e os muros só areia e ausência.

Minha casa sou eu e os meus caprichos.
O orgulho carregado de inocência
Se às vezes dá uma varanda, vence-a
O sal que os santos esboroou nos nichos.

E telhadosa de vidro, e escadarias
Frágeis, cobertas de hera, oh bronze falso!
Lareira aberta pelo vento, as salas frias.

A minha casa... Mas é outra a história:
Sou eu ao vento e à chuva, aqui descalço,
Sentado numa pedra de memória.

Vitorino Nemésio

Actual. Não?!

"Falsa Emancipação da Mulher

Actualmente, tem-se a pretensão de que a mulher é respeitada. Uns cedem-lhe o lugar, apanham-lhe o lenço: outros reconhecem-lhe o direito de exercer todas as funções, de tomar parte na administração, etc.; mas a opinião que têm dela é sempre a mesma - um instrumento de prazer. E ela sabe-o. Isso em nada difere da escravatura. A escravatura mais não é do que a exploração por uns do trabalho forçado da maioria. Assim, para que deixe de haver escravatura é necessário que os homens cessem de desejar usufruir o trabalho forçado de outrem e considerem semelhante coisa como um pecado ou vergonha. Entretanto, eles suprimem a forma exterior da escravatura, depois imaginam, persuadem-se de que a escravatura está abolida mas não vêem, não querem ver que ela continua a existir porque as pessoas procedem sempre de maneira idêntica e consideram bom e equitativo aproveitar o trabalho alheio. E desde que isso é julgado bom, torna-se inveitável que apareçam homens mais fortes ou mais astutos dispostos a passar à acção. A escravatura da mulher reside unicamente no facto de os homens desejarem e julgarem bom utilizá-la como instrumento de prazer. Hoje em dia, emancipam-na ou concedem-lhe todos os direitos iguais aos do homem, mas continua-se a considerá-la como um instrumento de prazer, a educá-la nesse sentido desde a infância e por meio da opinião pública. Por isso ela continua uma escrava, humilhada, pervertida, e o homem mantém-se um corruptor possuidor de escravos."

Léon Tolstoi, in 'Sonata a Kreutzer'

Léon Tolstoi - Russia [1828-1910]
Retirado do site http://www.citador.iol.pt/citador.php

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

A Tempestade do Destino



"Por vezes o destino é como uma pequena tempestade de areia que não pára de mudar de direcção. Tu mudas de rumo, mas a tempestade de areia vai atrás de ti. Voltas a mudar de direcção, mas a tempestade persegue-te, seguindo no teu encalço. Isto acontece uma vez e outra e outra, como uma espécie de dança maldita com a morte ao amanhecer. Porquê? Porque esta tempestade não é uma coisa que tenha surgido do nada, sem nada que ver contigo. Esta tempestade és tu. Algo que está dentro de ti. Por isso, só te resta deixares-te levar, mergulhar na tempestade, fechando os olhos e tapando os ouvidos para não deixar entrar a areia e, passo a passo, atravessá-la de uma ponta a outra. Aqui não há lugar para o sol nem para a lua; a orientação e a noção de tempo são coisas que não fazem sentido. Existe apenas areia branca e fina, como ossos pulverizados, a rodopiar em direcção ao céu. É uma tempestade de areia assim que deves imaginar.
(...) E não há maneira de escapar à violência da tempestade, a essa tempestade metafísica, simbólica. Não te iludas: por mais metafísica e simbólica que seja, rasgar-te-á a carne como mil navalhas de barba. O sangue de muita gente correrá, e o teu juntamente com ele. Um sangue vermelho, quente. Ficarás com as mãos cheias de sangue, do teu sangue e do sangue dos outros. E quando a tempestade tiver passado, mal te lembrarás de ter conseguido atravessá-la, de ter conseguido sobreviver. Nem sequer terás a certeza de a tormenta ter realmente chegado ao fim. Mas uma coisa é certa. Quando saíres da tempestade já não serás a mesma pessoa. Só assim as tempestades fazem sentido."
Haruki Murakami, in "Kafka à Beira-Mar"

Poema




A Caça

Para ti o amor não pode ser apenas
Cama, lençol, penetração, saliva.
Tem de ser também - teatro.

Muda a paisagem ao fluir das deixas
Pano de boca sempre recolhido
Luzes da ribalta a celebrar a cor
E a fala do ponto antecipando tudo.

(Quando fazemos amor
Na floresta, nas arribas ou nos arredores do vento
É ao cenário que entregas os olhos
- parte de ti que me não cabe).

Para ti o amor não pode ser apenas
Cama, lençol, penetração, saliva.
Tem de ser também - viagem.

Pouca terra pouca terra geme
A deslizante lagartixa de aço
Se por falha humana, dilúvio ou bomba
A carruagem tomba
Encontram-nos fechados num abraço.

Para ti o amor não pode ser apenas
Cama, lençol, penetração, saliva.
Tem de ser também - cinema.

Trintignant ri à largura do pano
Enquanto a tua mão sobe no meu joelho
Anouk era então muito novinha
Corria agilmente para os ombros do querido do Mustang
E por isso deixo ficar os dedos, na escuridão da sala
Sobre as tuas coxas de cetim
O pior é que a Anouk se reformou
E Trintignant já faz papéis de avô
Logo, o melhor filme da sessão
Não é a reposição
Mas aquele que fazem as nossas mãos.

Para ti o amor não pode ser apenas
Cama, lençol, penetração, saliva.
Tem de ser também - a caça.

Entre nós,
Não há caçador nem caçado.
A caça, simplesmente a caça
Ao sentido da palavra a respeito do declínio dos gestos

Prepara-se para testar o nosso poder de fogo.
Salvo in extremis o poema:
Da mútua, terna, voluntária caça falo.

Para ti o amor não pode ser apenas
Cama, lençol, penetração, saliva...

Júlio Conrado

Frases de que gosto....



"Não devemos permitir que alguém saia da nossa presença sem se sentir melhor e mais feliz ."
Madre Teresa de Calcutá

"As palavras de amizade e conforto podem ser curtas e sucintas, mas o seu eco é infindável."
idem

"Eu sei que o meu trabalho é uma gota no oceano, mas sem ele o oceano seria menor ."
idem

"Um ''não'' dito com convicção é melhor e mais importante que um ''sim'' dito meramente para agradar, ou, pior ainda, para evitar complicações."
Mohandas Karamchand Gandhi

"As doenças são os resultados não só dos nossos actos, mas também dos nossos pensamentos."
idem

"Há dois tipos de pessoas: as que fazem as coisas, e as que dizem que fizeram as coisas. Tente ficar no primeiro tipo. Há menos competição."
idem
"Be who you are and say what you feel because those who mind don't matter and those who matter don't mind."
(não sei quem é o autor)


"If you think you can, you can. And if you think you can't, you're right."
(não sei quem é o autor)


"Aquele que pergunta é um tonto durante cinco minutos,mas aquele que nunca pergunta permanece para sempre um tonto."
Provérbio Chinês


"Twenty years from now you will be more disappointed by the things that you didn't do than by the ones you did do. So throw off the bowlines. Sail away from the safe harbor. Catch the trade winds in your sails. Explore. Dream. Discover."
Mark Twain


"A bom entendedor meia palavra basta"
provérbio português

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Doenças


Doenças do foro psicológico ou mental assutam-nos sempre. Então quando se recebe a notícia de que alguém que conhecemos sofre desse mal é ainda mais assustador. Ainda não sei ao certo qual a gravidade da doença que assaltou a minha amiguinha. 6ª feira verei e saberei. Uma coisa é certa, vai levar com mimos a dobrar, até enjoar (afinal é a triplicar.. se a deixarem falar ao telemóvel).

Depois da visita:
Já a fui ver. Pareceu-me melhor do que a descrição que me fizeram do seu estado. Ainda bem. Eu já estava a imaginar uma Rô muito alterada e com aquele olhar vago característico de quem está num estado de loucura irreversível (tal não foi o cenário que me apresentaram).

Fiquei feliz por a ver a tratar-se. E relembrei-lhe que eu estou cá para o que der e vier, e não estou só, pois há tantas outras amigas que se preocupam verdadeiramente com ela.

Percebi que a depressão faz com que a pessoa pense que está isolada e só no mundo, o que faz com que esse pensamento se torne realidade, porque aos poucos a pessoa é que se afasta, deixa de procurar e ignora quem tenta chegar a ela. Tramado... Mas há sempre alguém atento. É o que vale.

Desabafos....................




Não gosto de sentir que sou o porto de abrigo de alguém. Isso coloca-me num lugar onde não ambiciono estar. Coloca-me numa posição delicada. E eu nem sempre o consigo ser. Gosto sim que as pessoas se sintam bem quando estão comigo mas que esse sentir bem não implique uma permanência na minha vida, ou no meu dia-a-dia, uma vez que eu até aprecio os meus momentos de pleno isolamento. Gosto de estar com as pessoas. Gosto de falar com elas, de as conhecer. Mas não gosto que elas invadam o meu espaço sem pedir licença.Quero que as pessoas saibam que podem contar comigo para todas e quaisquer ocasiões mas que antes de mais devem contar com elas próprias. Constrói o teu próprio porto de abrigo e recebe-me nele como eu te recebi no meu e será tão melhor. Não haverá necessidade de nada mais além do estar (só ou acompanhado). Não quero colmatar as necessidades de ninguém. E se o fizer não será porque mo pedem ou porque mo exigem mas porque assim o quero fazer e nada mais. Porque acho que assim é que tem de ser. Pelo menos assim, para mim, faz mais sentido. Tem mais sentido.

The Fly



"Little Fly,
Thy summer's play
My thoughtless hand
Has brushed away.


Am not I
A fly like thee?
Or art not thou
A man like me?


For I dance
And drink, and sing,
Till some blind hand
Shall brush my wing.


If thought is life
And strength and breath
And the want
Of thought is death;


Then am I
A happy fly,
If I live,
Or if I die."

William Blake

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Ponto e vírgula

Estou a relembrar a usar a pontuação no curso "linguagem e comunicação" que estou actualmente a frequentar.
Há alguém que se lembra, em termos práticos, como se deve usar o dito sinal?? (sem ser, óbviamente, na enumeração de itens). Eu já não o sabia.
Deixo aqui a explicação:
"O ponto e vírgula representa uma pausa intermédia entre a vírgula e o ponto, sendo utilizada para separar as orações ou partes de um período, os diversos itens de um enunciado, etc."

Há poucas oportunidades para aplicar o ponto e vírgula no nosso dia-a-dia; quando há, preferimos jogar pelo seguro usando ou o ponto ou a vírgula.

Outra explicação:
"Sinal intermédio entre o ponto e a vírgula que indica que a frase não está finalizada. Usa-se: em frases constituídas por várias orações, algumas das quais já contêm uma ou mais vírgulas; para separar frases subordinadas dependentes de uma subordinante; como substituição da vírgula na separação da oração coordenada adversativa da oração principal."
PôXa....
Mas há mais:
"O ponto e vírgula representa maior pausa do que a marcada pela vírgula e emprega-se:
a) para separar orações coordenadas, quando um tanto longas: «O presépio estava uma riqueza, tudo sedas, tudo rendas, que as freiras tinham bons dedos e vagar; as velas que ardiam, nem a luz do sol; era um cheiro a cera que agoniava; todo o mar de gente se prantara de joelhos» (Aquilino Ribeiro — Terras do Demo);
b) para separar duas ou mais orações subordinadas dependentes da mesma principal, substituído pela vírgula se as orações coordenadas forem pouco extensas: «Dantes o xaile era parte do traje; hoje é um detalhe resultante de intuições de puro gozo estético.» (Fernando Pessoa — Livro do Desassossego);
c) no fim de uma alínea introduzida por um número ou por uma letra minúscula."

Gosto desta última explicação; mais que não seja pelos exemplos dados. Entretanto, na minha busca na net, descobri um site (fantástico) com o código de redacção interinstitucional. Muito útil. Ora espreitem:

Música



(Esta foto foi tirada por Pedro Everett)
Há umas que me conseguem tocar de uma maneira muito própria... quando estou melancólica gosto de ouvir aquelas bandas ou cantores do pior (ou melhor) na matéria de forma a entrar naquele estado de melancolia que até dói. É bom quando fazemos isso de livre e espontânea vontade sem que hajam factores externos (reais) a nos colocar nesse estado. Eu escolho estar assim porque sim; mas não nego que também gosto de as ouvir quando a coisa é real. Enfim, também é bom quando estou numa de meditar. Há outras que me põem lá em cima, quer eu queira quer não, que me fazem mexer involuntariamente os dedos do pé, o pé, a perna, a anca, e por aí fora até à alma/espírito ou seja o que fôr. A letra não tem de fazer sentido mas a verdade é que fazendo é tão melhor. Gosto de música nas suas variadas formas/estilos. Gosto da desarmonia harmoniosa do jazz, a melancolia dos blues, dos sons peculiares dos Infected Mushrooms. Gosto particularmente da maneira como me deixo tocar por elas (músicas). E apesar de não ser grande fã de dançar rock este fim de semana fui ao Jamaica. Fartei-me de dançar. Há tanto tempo que não o fazia... dançar... e apercebi-me que preciso de o fazer com mais frequência pois liberta-me e dá-me um prazer que é único... estou comigo... esqueço tudo... apenas o prazer de dançar fica agarrado a mim.

Pião



11 de Julho de 2007Pela primeira vez na minha humilde e pacata vida fiz um pião. Foi cá uma adrenalina... UAU... Nunca pensei... Mas até que teve a sua piada. Claro que se o final da história fosse outro eu não acharia o mesmo. Mas adiante.
Estava eu, atrasada como sempre, a caminho do meu trabalhito, a conduzir descontraídamente pelas ruas de Tires, quando de repente... o carro me começa a fugir descontroladamente e parei virada para o sentido que não ia... porquê?? Óleo na estrada. Não era um bocadinho, não. Era bastante... tanto, que o meu carro ficou todo oleado. Óleo nas portas, nos pneus, nos vidros. Estavam umas comadres a conversar junto ao portão da casa de uma delas, que ficaram a olhar para mim, com aquele olhar fulminante de juízas, como se eu fosse uma maluca e que a culpa daquela manobra fosse minha... até que fez-se luz naquelas cabecitas e perceberam que a mancha no chão afinal não era água. A Sra. que conduzia o carro atrás de mim já há muito tinha suspendido a marcha e aguardava, pacientemente, a minha manobra de volta ao sentido que eu inicialmente queria seguir. Nisto vejo um TT a aproximar-se a velocidade normal do meu carro e pensei - Pronto.. já foste!! - mas graças aos tipos que inventaram os TT a aderência é muito superior ao meu querido Lupo. Mas ainda assim derrapou um bocadito na minha direcção. Claro que tudo acaba bem. Não bati em lado nenhum; ninguém me bateu. Saímos todos ilesos nesta história.
Assim que cheguei ao meu trabalho liguei ao 112 a participar o ocorrido. Ficaram de mandar alguém verificar o tal óleo na estrada. Vamos a ver se o fizeram rápido o suficiente para que mais ninguém tenha tido uma aventura semelhante à minha... com estragos. Fiquei mais de quatro dias sem por lá passar. Não fosse o diabo tecê-las.
E se eu tivesse batido quem é que era responsável pelos estragos?
Fica a pergunta......

Gosto; não gosto





Gosto de gostar, de degustar. Não gosto de não gostar. Gosto de sentir que ainda posso vir a gostar. Gosto de viajar sentada no canto do sofá. Gosto de saber. Gosto de descobrir que não sabia que sabia. Gosto das cidades desconhecidas, dos jantares solitários e dos quartos de Hotel. Não gosto das alturas nem de espaços fechados. Não gosto de ter medo. Gosto de fazer rir e de rir. Gosto de oferecer presentes, passados e futuros. Gosto de ser surpreendida. Gosto da minha necessidade de criar, de imaginar. Gosto de chuva, de vento, de trovoada, de sol, do calor do corpo. Gosto do vento gelado de Inverno a passar-me pela cara enquanto observo o mar. Gosto do cheiro da terra molhada. Gosto do prazer que sinto ao fazer observação de aves. Gosto do voo das gaivotas. Gosto de Fernão Capelo Gaivota. Não gosto de mim perdida. Gosto da elegância dos pequenos gestos. Gosto de me calar. Não gosto de conversas de circunstância. Gosto do desembaraço. Gosto de poder dizer o que penso. Gosto de fazer pensar. Gosto do escuro e gosto da luz. Não gosto de política nem de políticos. Gosto de pessoas generosas. Gosto de estar rodeada de amigos. Gosto do colo da minha mãe. Gosto da solidão. Gosto do absurdo. Gosto de fazer 3 coisas ao mesmo tempo. Não gosto de não ter nada para fazer. Gosto de perfumes, da casa cheia de velas e de incensos. Gosto de ter fome, sede e frio. Gosto de me enroscar e que o seu corpo me aqueça noite dentro. Gosto de abraços. Gosto da liberdade. Não gosto da violência, da opressão, do abuso do poder. Não gosto da mediocridade. Não gosto de injustiças. Não gosto de dependências. Não gosto de hábitos, apesar de ter um. Gosto de não parecer que tenho 30 anos. Não gosto de verdades absolutas. Não gosto de pessoas cheias de certezas. Não gosto de incompetências. Não gosto de falsidades. Gosto de me sentir segura das minhas inseguranças. Não gosto da sensação de não ter tempo de fazer tudo o que queria. Gosto de me perder no tempo em museus. Gosto de teatro. Gosto de Fábulas. Gosto das minhas tatuagens. Gosto de recordar. Gosto de rever fotografias antigas. Não gosto de usar relógio. Gosto do cheiro dos livros. Gosto de ler. Gosto de banhos intermináveis. Não gosto da inércia. Gosto da preguiça. Gosto deste jogo interminável. Não gosto de ter de terminar. Gostar ou não gostar eis a questão!

Olga Roriz, 8 de Agosto de 2002

Adaptado a mim por mim

Gaudí vs Barcelona




O primeiro contacto que tive foi através de um livro, muito completo, acerca da sua vida e obra. Fiquei imediatamente apaixonada por tudo o que vi e li. E ficou o desejo de visitar Barcelona que é onde há a maior concentração dos seus trabalhos.O tipo nasceu a 25 de Junho de 1852 e morreu num dia de Junho de 1926 atropelado por um eléctrico em Barcelona num dos seus habituais passeios à Igreja de São Filipe Néri.. deixando a sua maior obra inacabada "A Sagrada Família". Barcelona é muito mais que Gaudí.. há vários Bairros lindíssimos que merecem a atenção de quem visita a cidade assim como pequenos detalhes que passam despercebidos aos olhares desatentos.. mas Gaudí deixou a sua impressão digital por toda a cidade. Até no mercado há a sua marca.. é lindo. A sua vida é cheia de contradições que acho que vale a pena pesquisar..E não é que ganhei uma viagem à dita cidade!!!! Já regressei... e ADOREI Barcelona com todos os pormenores que o meu desatanto olhar conseguiu captar.. e claro Gaudí.. sempre Gaudí.